Consultoras, professores e alunos contam o que incomoda no ambiente. Conversa demais, roupas inadequadas e falta de limpeza são destacados.
Local mais utilizado muitas vezes para a convivência social do que para a realização de exercícios, as academias geram uma série de situações que exigem comportamentos de acordo com as boas maneiras para que não surjam constrangimentos. Pensando nisso, o G1 reuniu opiniões de consultores de etiqueta, professores e frequentadores para compilar os sete pecados de etiqueta nesses ambientes.
Muitos problemas têm origem em uma das atividades preferidas nas academias: a conversa. “Quem fala demais, além de não se concentrar em seu exercício, pode atrapalhar os outros. Não devia nem conversar, tem que prestar atenção na respiração”, explica Janir Jurado, consultora de etiqueta do Senac. “As pessoas têm também que evitar fofocas, falar de alguém que frequenta. Elas podem arrumar inimizades.”
Para ela, a mesma regra se aplica ao celular – que deve ficar na bolsa – e ao tocador de MP3 – que não deve ter música muito alta. “O celular só pode ficar junto quando a pessoa espera uma ligação importante, ou tenha uma profissão que exija isso, como um médico. Mas não dá para ficar batendo papo com a amiga na esteira”, explica.
O tocador de MP3 é justamente um dos artifícios usados pelo nadador Fernando Scherer, o Xuxa, para evitar ser incomodado na academia. Ele, que costuma malhar na Fórmula Academia do Shopping Eldorado, na Zona Oeste de São Paulo, não vê muito problemas de convivência no ambiente. “Para mim, mico é cair da esteira. Não me incomodo com nada”, afirmou o nadador. “Mas se alguém fica me encarando, como estou com o iPod no ouvido, faço cara de que estou fazendo força, desvio o olhar e está tudo certo”, diz.
Vestiário
Local de convivência ainda mais íntima, o vestiário não deve ficar de fora das regras de etiqueta. “Tem gente que fica andando pelada, mas as outras pessoas não são obrigadas a partilhar dessa intimidade. É sempre melhor usar uma toalha”, afirma Cláudia Matarazzo, consultora de etiqueta.
É justamente isso uma das coisas que mais incomoda Helô Pinheiro, a eterna garota de Ipanema. “Eu sou muito inibida para ficar sem roupa. Fico constrangida quando as pessoas ficam nuas, a gente vai conversar e não sabe para onde olha. Prefiro que fique enrolada em uma toalha”. Também aluna da Fórmula, ela ressalta que é preciso organização. “Não dá para ocupar o banco inteiro, espalhar as coisas”.
Na unidade do Campo Belo da academia Contours, exclusiva para mulheres, a falta de atenção gera gafes constantes no banheiro. “Sempre tem alguém que esquece a calcinha no vestiário. Daí fica uma situação constrangedora, a gente não sabe o que faz para devolver”, conta a professora Regina Bento, de 26 anos. Para ela, entretanto, o pior mesmo é a conversa. “Não pode atrapalhar o exercício. E também não dá para falar de comida no meio da academia”.
Tempo nos aparelhos
Por encarar a academia como uma atividade social, muitas pessoas acabam demorando tempo demais nos exercícios, distraídas com conversas ou até mesmo com a música. Para a dona-de-casa Sandra Regina Santim, de 52 anos, é preciso respeitar o tempo de cada um. “Não pode atrapalhar. E demorar demais é até desrespeito com o colega.”
Apressar os outros quando não é preciso também incomoda Helô Pinheiro. “Não gosto quando estou fazendo o exercício e alguém fica esperando do lado do aparelho, pressionando para terminar logo. Eu vou para outro lado e volto para aquele exercício depois”, afirmou.
Roupas e acessórios
A regra é clara: as roupas devem ser confortáveis, e os acessórios devem ser deixados na bolsa ou na mochila. “Não dá para vir malhar com o tênis que a pessoa vai passear no shopping. Roupa apertada e decotada também pode deixar desconfortável”, explica a professora Regina.
Cláudia Matarazzo também destaca a necessidade de limpeza. “A roupa tem que ser adequada e limpa, não pode usar por três dias seguidos a mesma”, explicou. Além disso, ela condena o uso do perfume – o ideal é um desodorante sem cheiro antes, e, no máximo, uma colônia depois do banho.
Para as mulheres com cabelo longo, o melhor é prender as madeixas – solto, ele fica grudado com o suor, uma imagem desagradável para os outros e para quem sente.
O que fazer
A paquera é permitida, desde que não atrapalhe e seja feita com cuidado. “O melhor é deixar para abordar na lanchonete, depois do exercício. Assim não atrapalha ninguém”, afirma Janir.
E o que fazer quando alguém está passando dos limites? Para as consultoras, o ideal é comunicar a academia, que deve conversar, de maneira educada, com o causador de problema. “É preciso estar atento aos ‘três Rs’: respeito por si mesmo, respeito pelo outro e responsabilidade por tudo o que nos cerca”, explica a consultora Janir.
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