Fonte: Gazeta Web
De tempos em tempos surgem discursos e palavras de ordem do dia. Ultimamente escuto muito em reuniões, palestras e mesmo conversações a expressão pró-ativo. Não vou arriscar buscar o Aurélio para não desacreditar muitas pessoas respeitáveis que já pronunciaram tal expressão.
De tempos em tempos surgem discursos e palavras de ordem do dia. Ultimamente escuto muito em reuniões, palestras e mesmo conversações a expressão pró-ativo. Não vou arriscar buscar o Aurélio para não desacreditar muitas pessoas respeitáveis que já pronunciaram tal expressão.
Hoje (foi sempre assim?) qualquer profissional é pressionado a ser criativo (inspirado), assíduo, concentrado, dinâmico, disponível a qualquer hora e solucionador de problemas ou desafios, portanto, pró-ativo. No entanto, muitas pessoas reclamam não terem tempo para o lazer, para o exercício físico, dormem e se alimentam mal e para completar abusam da ingestão de álcool e algo mais.
Como então ser dinâmico, criativo, etc... com esse, diga-se estilo descrito acima. Resposta: impossível! Talvez em "vistas grossas" possa aparecer alguém que compatibilize tais características, mas, de fato são coisas insociáveis. Se alguém quiser ser pró-ativo na vida, necessário se faz primeiramente, como base de tudo cuidar de sua forma física.
A boa forma física permite o ser humano usufruir não só do vigor, mas também como elemento propulsor e regulador da energia cognitiva e emocional. Quem é bem condicionado fisicamente, regula melhor seu estado emocional, descansa mais rápido e profundamente (dorme melhor!), concentra mais facilmente nas tarefas diárias, produz criatividade, é motivado e autoconfiante.
Tudo dito acima parece não ser novidade para ninguém, pode até ser que um outro diga: sei de tudo isso, o que falta é disciplina para manter uma boa rotina de exercícios físicos. Mas há também aqueles que acreditam que esse pensar não passa de "balela", pois, tem muito sedentário com sucesso e produtividade reconhecida. É verdade, só não sabemos se os mesmos poderiam ser muito melhores se fossem "atletas".
Filosofia e transpiração
Não estou sozinho nessa. É possível ter muita gente capaz do meu lado (ou não), mas vou citar apenas um e acho que é suficiente para encorajar as pessoas a se cuidarem sempre. Falo do Filósofo Michel Serres que em 1991 escreveu o célebre livro Filosofia Mestiça (Le tiers - instruit). Escreve Serres:
"Quem espera pela inspiração nada produz além de vento, e ambos são aerofágicos. Tudo vem sempre do trabalho, inclusive o dom gratuito da ideia que surge". Pois então, aquelas atitudes (por exemplo, o ócio.) de esperar pela inspiração ou que as ideias surjam como mágica, aqui ficam desconsideradas."
(...) Sendo a força maior, a obra vem; mas da fraqueza, nada. Por isso encontramos poucos gênios doentes, drogados, fracos ou melancólicos. Desconfiados, sim; patológicos, não. Muitos êmulos estéreis foram produzidos pela publicidade romântica e mentirosa em favor do inventor louco, fora dos eixos ou desequilibrado, cuja obra é movida pela neurose ou pela química: nada sai de uma injeção nem de uma garrafa de álcool (...)".
Muitos podem dizer que várias personalidades da história foram grandes figuras em diversas áreas sem uma boa saúde advinda de exercícios ou da cultura física. É fato, no entanto como diz Serres: "(...) a criação esgota até a morte e mata na flor da idade quem não lhe resiste com força tenaz: Rafael, Mozart, Schubert, por volta dos trinta anos, Balzac e São Tomás de Aquino, pelos quarenta (...)". Por outro lado: "(...) Dezenas de quilômetros, todos os dias, caminhavam Rousseau e Diderot. As ideias novas emanam dos atletas. O apelido Platão significa, em grego: ombros largos. Deve-se imaginar os grandes filósofos como jogadores de rugby (...)".
E mais: "(...) Quer inventar ou produzir? Comece pela cultura física, às sete horas regulares de sono e o regime alimentar. A vida mais severa e a disciplina mais exigente: acesse a austeridade. Resista ferozmente aos discursos em volta que afirmam o contrário. O que debilita, esteriliza: álcool, fumaça, noitadas e farmácia. Resista não só às drogas narcóticas mas sobretudo à química social, de longe a mais forte e, portanto, a pior: às mídias, aos modismos. Todo mundo diz sempre a mesma coisa e, assim como fluxo da influência, desce junto o maior despenhadeiro".
Para terminar, concordando ou não com esse texto, que tal fazer um teste: começe com as oito (ou sete) horas regulares de sono, uma boa dieta alimentar e uma boa rotina de exercícios físicos. Após alguns meses, faça sua escolha! Boa sorte!
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